sexta-feira, 16 de maio de 2008

Que Ignorância é essa?


A frase de Jesus: "Perdoai-lhes, porque eles não sabem o que estão fazendo." Num momento em que vivia a agonia da cruz, revela não só a grandeza de seu espirito cheio de amor, como aponta para todos nós um dos maiores problemas que enfrentamos em relação a nossa condição de seres em evolução: trata-se da IGNORÂNCIA .

Não saber é ignorar, desconhecer. Jesus se referia à ignorância espiritual daquele povo que se aferrava aos valores mundanos e materiais a ponto de perpetrar o crime do sacríficio de semelhantes em favor do orgulho, da vaidade e da arrogância pessoais.

O clamor do Mestre naquele momento foi um ato de profunda piedade e , ao mesmo tempo, enunciava o quanto aqueles espíritos necessitariam aprender, em reencarnações futuras, em relação ao verdadeiro sentido da vida e da consideração pelo próximo, tão bem definida na expressão: "amai-vos uns aos outros como eu vos amei."

Essa ignorância que, naquele tempo ,tinha sua razão de ser, dado o primarismo das consciências envolvidas naquele cenário de revelações e testemunhos, poderia servir de desculpa para a nossa atual sociedade humana?

Depois de mais de vinte séculos de cristianismo, pode o ser humano pretextar ignorância a respeito das verdades de sua condição espiritual?

Não terão sido claras todas as lições e advertências propagadas ao longo do tempo, repetidas diuturnamentes sobre a realidade neste mundo? Não teria a humanidade como um todo motivo de sobra para compreender que a vida é transitória e dela nada se leva, só as virtudes ou os defeitos?

Assim deveria ser. Mas infelizmente não é o que acontece. Encontramo-nos ainda profundamente ligados aos valores materiais, enquanto repetimos textos belíssimos que falam de despreendimento. Continuamos cultivando vícios e atitudes indignas, remanescentes das velhas incursões carnais, muitas vezes, repetindo preces comovidas que enunciam nosso desejo de alcançar o "reino dos céus" .

Permanecemos querendo dominar, impor, ditar regras, fazer-se maior que os outros. Enquanto exalçamos a urgência da humildade e do amor ao próximo, do bom-senso e do equilíbrio.

Na verdade, ainda ecoa em nossos ouvidos "eles não sabem o que estão fazendo".

Não sabem ou não querem saber? Será que ainda repetimos as velhas formas do culto judaico:

"bonitos por fora e cheios de podridão por dentro"? A quem afinal de contas pretendemos enganar.

Será que a mensagem não é clara? Será que nos parece impossível alcançar essa excelência de "homem de bem" e nos conformamos em ser "homem de aparência", que, entretanto, sabe que um dia verá a consciência despertar em intensa frustração e sentimento de culpa por haver negligenciado oportunidade excelente de fazer-se melhor?

Ninguém constrói para ninguém, cada um é o responsável por si mesmo. Não adianta querer arrastar consigo quem se recusa a caminhar. O crescimento pessoal é um ato de assunção, ou seja, o indivíduo deve assumir o desejo de renovar-se, de ser melhor, enquanto isso não acontece distrai-se com os velhos hábitos que acalenta, fazendo de conta que a vida é uma grande colheita de gozos e satisfações egoisticas, renovadas e reiventadas todos os dias, porque são estéreis em si mesmas.

Adverte-nos Joanna de Ângelis em um de seus textos que nada do que for vivido como sensação e prazer será motivo de contentamento além do instante em que se dá. A verdadeira felicidade e plenitude ainda parece ser aquele dita por Chico, a do dever cumprido. A da busca do bem sem trégua.

Podemos continuar querendo ser ignorantes. Podemos até sê-lo, em verdade. Porém, ninguém está impedido de estudar e esclarecer-se, de ser melhor e mais humano. De respeitar o semelhante e compreender a transitoriedade das coisas no planeta.

Possivelmente , se O Cristo estivesse entre nós e fosse martirizado em algum tipo de reality show, bem ao gosto da leviandade de nossa geração, diria: "Em verdade, o que alegarão para justificar o que estão fazendo?"

Porque a nossa IGNORÂNCIA, agora , é uma opção calculada e insana.
Nery

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