quinta-feira, 19 de junho de 2008

COMPANHIAS ESPIRITUAIS

Eu lia o livro Violetas na Janela, de Patrícia, e fiquei pensando na seriedade do tema “companhias espirituais”. Ela conta que ficou chocada ao encontrar , em uma de suas visitas aos familiares ainda encarnados, um espírito de aspecto inferior ao lado da mãe, tentando infundir-lhe a idéia de que a filha querida estava sofrendo no umbral. Patrícia, naquele momento, valeu-se da oração, o que fez com que a entidade se afastasse do ambiente.
Muitos, por desconhecerem completamente os mecanismos da vida, não acreditam que tais coisas sejam possíveis. Esses, como Tomé, só acreditam no que podem ver e tocar e, pior, mesmo que vissem muitos ainda não acreditariam.
Mas o assunto merece acuradas reflexões, a fim de que nos eduquemos quanto a hábitos e gostos, pois são eles, os padrões em que vibramos, os responsáveis pelas companhias espirituais que temos.

Lembremos a questão 459 de o Livro dos Espíritos:

“Influem os Espíritos em nossos pensamentos e em nossos atos? Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto que, de ordinário, são eles que vos dirigem”.
(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 459)

Se é assim, devemos buscar entender esse processo para que saibamos agir com discernimento. É Herculano Pires, em seu livro Vampirismo, que nos informa:

“E assim como o parasitismo influi no desenvolvimento das plantas e no comportamento dos animais, o vampirismo influi no comportamento humano individual e social. Entre os vários elementos, coisas e seres que agem sobre o comportamento humano, o mais perturbador e o que mais profundamente ameaça as estruturas físicas e espirituais do ser humano é o vampirismo, porque é a atuação consciente de um ser sobre outro, para deformar-lhe os sentimentos e as idéias, conturbar-lhe a mente e levá-lo a práticas e atitudes contrárias ao seu equilíbrio orgânico e psíquico.”

Vejamos o que diz Suely Caldas Schubert :

“A assertiva dos Espíritos a Allan Kardec ( questão 459) demonstra que, na maioria das vezes, estamos todos nós – encarnados - agindo sob influencia de entidades espirituais que se afinam com o nosso modo de pensar e ser, ou em cujas faixas vibratórias respiramos.
Isto não nos deve causar admiração, pois se analisarmos a questão sob o aspecto puramente terrestre chegaremos à conclusão de que vivemos em permanente sintonia com as pessoas que nos rodeiam, familiares ou não, das quais recebemos influenciações através das idéias que exteriorizam, dos exemplos que nos são dados, e também influenciamos com nossa personalidade e pontos de vista.
Quando acontece de não conseguirmos exercer influência sobre alguém de nosso convívio e que desejamos aja sob o nosso prisma pessoal, via de regra tentamos, por todos os meios, convencê-lo com argumentos persuasivos de diferente intensidade, a fim de lograrmos o nosso intento.
Natural, portanto, ocorra o mesmo com os habitantes do mundo espiritual, já que são eles os seres humanos desencarnados, não tendo mudado, pelo simples fato de deixarem o invólucro carnal, a sua maneira de pensar e as características da sua personalidade.”
Fonte: “Obsessão e Desobsessão – Profilaxia e Terapêutica Espíritas”. Editora: FEB, 9ª edição, 1994; capítulos 1 e 2

Tudo isso só é possível compreendendo que refletimos quem somos em nossa realidade energética:

“(...) criando imagens fluídicas, o pensamento se reflete no envoltório perispirítico, como num espelho; toma nele corpo e aí de certo modo se fotografa. (...) Desse modo é que os mais secretos movimentos da alma repercutem no envoltório fluídico; que uma alma pode ler noutra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos do corpo”.
(A Gênese, Allan Kardec, cap. XIV, item 15).

Pode até parecer estranho que assim seja, mas é um mecanismo da lei que rege os destinos humanos, embora devamos, nesse momento, alertar que não se trata de algo à revelia do indivíduo, como se estivessemos à mercê do mal e sem condição de defesa, a esse respeito Suely nos elucida na obra já citada, o seguinte:
“Não entramos na questão do livre-arbítrio, sobejamente conhecida dos espíritas. Sabemos que a nossa vontade é livre de aceitar ou não estas influenciações e que a decisão é sempre de nossa responsabilidade individual.
O importante é meditarmos a respeito do quanto somos influenciados e quão fracos e vacilantes somos. O Espiritismo, levantando o véu dos mistérios, nos traz a explicação clara, demonstrando-nos a verdade e, através desse conhecimento, nos dá condições de vencer os erros e sobretudo de nos preservarmos de novas quedas.
Fácil é pois, aos Espíritos, nos dirigirem. Isto acontece com os homens em geral, sejam eles médiuns ostensivos ou não. É que, como médiuns, todos somos sensíveis a essas aproximações e ninguém há que esteja absolutamente livre de influenciações espirituais. Escolher a nossa companhia espiritual é de nossa exclusiva responsabilidade. Somos livres para a opção.”

Há ainda a comentar o fato de que grande parte da humanidade ainda crê na idéia de que as influências que sofremos provêm de seres demoníacos, destinados eternamente ao mal. Coisa que ,felizmente , o avanço da ciência e da própria concepção de universo tem ajudado a combater.
A ignorância e a má-fé tem permitido que essas crenças desprovidas de lógica e bom-senso sobrevivam em meio ao povo. É necessário descortinar o véu da realidade aparente em que nos encontramos mergulhados para enxergar além novas possibilidades de expressão da vida. A idéia do demônio só é boa para os que dela fazem seu ganha-pão. Para os demais, apenas encobre o mecanismo das leis sabiamente estatuídas pelo criador.
Diante dessas colocações devemos, portanto, entender que todos nós vivemos conectados uns aos outros em verdadeiro regime de interdependência, nutrindo-nos de idéias e sentimentos na imensa gama das tonalidades que nos caracterizam e estaremos sempre em companhia daqueles que elegermos como parceiros, sejam, visíveis ou invisíveis, não se excluindo, desta forma, ninguém da responsabilidade que lhe cabe por suas opções íntimas. Donde , ninguém poderá transferir a outro os méritos ou deméritos de suas ações.
Lembramos Joanna de Angelis, que afirma categoricamente: “Não há outro caminho, é seguir Jesus ou atormentar-se” . A escolha será sempre nossa.

Nery

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