domingo, 1 de junho de 2008

Delírio de uma alma atormentada


Depois que tudo passar,
que a existência estiver consumada,
como é que vou me olhar?
Depois que os prazeres perderem o sentido,
depois que as oportunidades de ser melhor se forem,
como é que vou continuar?

Depois que não houver parceiros para a ilusão,
porque todos estarão vivendo o duro despertar,
como vou me justificar?


Depois que a realização mentirosa se patentear
e a consciência mostrar o que ficou por fazer,
como vou, enfim, suportar?

Me achava grande e vi o quanto era pequeno.
Me achava especial e vi o quanto tenho mãos vazias.
Me achava dono de mim e era conduzido por instintos.
Me achava feliz e agora há apenas um vazio imenso.

Por que me permitir ser assim?
Por que não tive entendimento e compreensão?
Terei sido tão vaidoso, arrogante e orgulhoso
a ponto de não enxergar um palmo diante dos meus olhos?


Onde o chamado de Jesus?
Onde o doce chamado do amor?
Onde o libertador chamado do Mestre?

Naõ sei se estou acordado ou se deliro.
Será verdade o que penso , sinto e reflito,
meu Deus,
não permitais que aconteça isso comigo...


E não permitas, tu,
que o teu depois seja assim...


Melquíades
Poeta errante da espiritualidade.

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