sexta-feira, 4 de abril de 2008

Nossos Hábitos

No texto que segue , o espírito de Emmanuel faz uma reflexão muito importante sobre os hábitos que cultivamos, sem nos dar conta de como somos governados por eles e de como eles dificultam a nossa caminhada rumo a uma condição de maior lucidez espiritual e melhor aproveitamento das faculdades intelectuais e sentimentais que possuimos. Leia o texto, reflita e comente. Contamos com a sua participação. Dê sugestões de temas e divulgue o blog para os amigos.

HÁBITOS

Hábito é uma esteira de reflexos men­tais acumulados, operando constante indução à rotina.Herdeiros de milênios, gastos na reca­pitulação de muitas experiências análogas entre si, vivemos, até agora, quase que à maneira de embarcações ao gosto da cor­renteza, no rio de hábitos aos quais nos ajustamos sem resistência.
Com naturais exceções, todos adquiri­mos o costume de consumir os pensamentos alheios pela reflexão automática, e, em razão disto, exageramos as nossas necessidades, apartando-nos da simplicidade com que nos seria fácil erguer uma vida melhor, e for­mamos em torno delas todo um sistema de­fensivo à base de crueldade, com o qual fe­rimos o próximo, dilacerando conseqüente­mente a nós mesmos.
Estruturamos, assim, complicado meca­nismo de cautela e desconfiança, para além da justa preservação, retendo, apaixonada­mente, o instinto da posse e, com o instinto da posse, criamos os reflexos do egoísmo e do orgulho, da vaidade e do medo, com que tentamos inutilmente fugir às Leis Divinas, caminhando, na maioria das circunstâncias, como operários distraídos e infiéis que deser­tassem da máquina preciosa em que devem servir gloriosamente, para cair, sufocados ou inquietos, nas engrenagens que lhes são próprias.
Nesse círculo vicioso, vive a criatura humana, de modo geral, sob o domínio da ignorância acalentada, procurando enga­nar-se depois do berço, para desenganar-se depois do túmulo, aprisionada no binômio ilusão-desilusão, com que despende longos séculos, começando e recomeçando a senda em que lhe cabe avançar.
Não será lícito, porém, de modo algum, desprezar a rotina construtiva. É por ela que o ser se levanta no seio do espaço e do tem­po, conquistando os recursos que lhe enobre­cem a vida.A evolução, contudo, impõe a instituição de novos costumes, a fim de que nos desven­cilhemos das fórmulas inferiores, em marcha para ciclos mais altos de existência.É por esse motivo que vemos no Cristo — divino marco da renovação humana —todo um programa de transformações visce­rais do espírito. Sem violência de qualquer natureza, altera os padrões da moda moral em que a Terra vivia há numerosos milênios.
Contra o uso da condenação metódica, ofe­rece a prática do perdão. A tradição de raça opõe o fundamento da fraternidade legítima.No abandono à tristeza e ao desânimo, nas horas difíceis, traz a noção das bem-aventuranças eternas para os aflitos que sabem es­perar e para os justos que sabem sofrer.Toda a passagem do Senhor, entre os homens, desde a Manjedoura, que estabelece o hábito da simplicidade, até a Cruz afron­tosa que cria o hábito da serenidade e da paciência, com a certeza da ressurreição para a vida eterna, o apostolado de Jesus é resplendente conjunto de reflexos do cami­nho celestial para a redenção do caminho humano.
Até agora, no mundo, a nossa justiça cheira a vingança e o nosso amor sabe a egoísmo, pelo reflexo condicionado de nossas atitudes irrefletidas nos milênios que nos precedem o “hoje”. Não podemos desconhe­cer, todavia, que somente adotando a bon­dade e o entendimento, com a obrigação de educar-nos e com o dever de servir, como hábitos automáticos nos alicerces de cada dia, colaborando para a segurança e felici­dade de todos, ainda mesmo à custa de nosso sacrifício, é que refletiremos em nós a ver­dadeira felicidade, por estarmos nutrindo o verdadeiro bem.

Emmanuel
Psicografia Chico Xavier. Do livro: Pensamento e Vida

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